A indústria do cinema americano é perigosa. Cria xenófobos, estereótipos nacionais ou culturais, constrói imagens de uma ameaça externa, o "eles" que justifica o "nós", neste caso os Estados Unidos. A recente ameaça é a Rússia no remake da MGM de Red Dawn.
Red Dawn (A Alvorada Vermelha) foi uma chicotada infantil, devotada a fornecer um ímpeto de adrenalina para desafiar a opinião de pessoas simplórias culturalmente, feita em 1984 (previsivelmente), representando a União Soviética e Cuba como os vilões e os Estados Unidos da América, como o herói. Mas desta vez os vilões são a República Popular da China e naturalmente a ameaça eterna - a Rússia.
Na nova versão, que sai no Novembro, os EUA retiram-se do Iraque e concentram-se na ilha da sua aliada Taiwan, enfrentando uma ameaça de terra firme da China, dando as boas-vindas à Geórgia na OTAN.
O que o filme faz, no espaço de algumas horas, é injetar profundamente na psicológico dos cinéfilos um cenário de Guerra Fria atualizado, por meio da recriação de inimigos que nunca existiram, apresentando a justificação de mecanismos de controle através da manipulação do medo. É a encarnação de um poderoso "eles" que justifica o "nós", ou as ações dos EUA.
Embora não esteja fora do reino da fantasia imaginar que Washington se enfrente contra dois tais colossos militares monumentais, enquanto a aceitação da Geórgia na Otan seria de fato uma decisão tomada por Washington e não uma adesão apoiada pelos sócios da OTAN e, enquanto tal desdobramento não surpreenderia ninguém depois de a OTAN mentir que não se estenderia para o leste, o que tão prontamente fez, Washington sabe muito bem que o seu sucesso em campanhas contra adversários escassamente armados sempre é apenas parcial, abatidos de imediato por submissão aos bombardeios aéreos maciços. A Rússia e China têm músculos e força para lutar. Poderosamente.
Apesar de um confronto militar com a Rússia ter como resultado a liquidação total das operações de concentração das tropas da OTAN em qualquer lugar perto das suas fronteiras, em uma salva de mísseis tão densa que iria apagar o Sol, uma campanha simultânea contra a Rússia e a China seria desafiar a lógica.
A ficção científica.
No entanto, não importa se o filme é plausível. A demonização da Rússia e agora da China é um dos pilares da produção cultural e política americana, assim como a difamação do governo iraquiano de Saddam Hussein, sobre acusações tão idiotas e banais, foi uma justificativa para uma campanha militar.
Em vez de fazer filmes que construam pontes culturais, em vez de educar o público americano, para o que se passa no mundo real exterior, em vez de fazer amizades e neutralizar as tensões, o que faz a MGM? Insulta a Rússia e a China.
Figuras. A questão é colocada, por quê?
Timothy BANCROFT-Hinchey
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