Publicado por dinamicaglobal.wordpress.com em 15 de Junho de 2012.
A ameaça proveniente de cometas e asteróides é discutida pela primeira vez, numa conferência de segurança em São Petersburgo, pelos especialistas nesses assuntos. O tema da intervenção da Agência Espacial Russa é o perigo de asteróides e cometas.
A
conjugação das palavras “perigo de asteróides e cometas” apareceu há
relativamente pouco tempo. Há várias razões para isso. Os céticos
afirmam que essa ameaça externa tornou-se num tema para de algum modo
justificar o estudo e exploração espacial. Os seus partidários
consideram que a humanidade teve simplesmente muita sorte nos últimos
milhares de anos em que a Terra não se meteu no caminho de um calhau
relativamente pequeno e que é necessário tomar medidas urgentes e
decisivas para excluir essa futura probabilidade.
As
observações dos corpos celestes só floresceram realmente na era do
registo e tratamento de dados automáticos. Com a ajuda de poderosos
computadores o Homem conseguiu ver quantos corpos celestes pequenos
rodeiam a Terra. De acordo com os últimos estudos, o número de
asteróides próximos da Terra é de cerca de 20 000. O maior perigo é
representado por aqueles, cuja trajetória se cruza com a da Terra, o que
pode provocar uma colisão. Na realidade, é muito complicado determinar
se um asteróide colidirá com a Terra, por isso, quando se fala de
asteróides potencialmente perigosos, apenas se considera a sua
desagradável proximidade.
Segundo
está calculado, basta um asteróide de cem metros para provocar
destruições regionais consideráveis. Supõe-se que o diâmetro do
meteorito de Tunguska era de 50-75 m e que bastaria um objeto de 1 a 10
quilómetros para uma catástrofe à escala global.
Felizmente,
na proximidade direta da Terra não há muitos desses objetos, mas,
infelizmente, eles são difíceis de observar e também é difícil prevêr as
suas órbitas. Além do seu movimento, tem que se considerar a interação
gravitacional com a Terra, o que é importante no caso do asteróide
potencialmente perigoso Apófis (de 350 m de diâmetro) que é considerado o
primeiro entre os corpos celestes potencialmente perigosos. A primeira
aproximação do Apófis à Terra será em 2029 e a seguinte em 2036. Do como
irá decorrer o primeiro “encontro” dependerá muito do que se passará no
segundo: irá o Apófis passar ao lado ou os terrestres terão de procurar
soluções para evitá-lo.
O
problema é que nenhum método para evitar o perigo já foi testado. Há
várias propostas, por exemplo fazer explodir o asteróide, o que não é
muito eficaz, visto que ainda é mais difícil prevêr as trajetórias dos
pedaços resultantes que a do próprio corpo inicial. Outra ideia é pintar
o corpo celeste perigoso de forma a alterar os seus parâmetros de
reflexão, e sob ação da luz solar ele próprio sairia do caminho incial.
Até
hoje, todos os projetos na área da segurança espacial poderíam ser
considerados como uma estratégia “passiva” de observações e cálculos dos
objetos perigosos. Atualmente existem no mundo uma dezena de projetos
de diferentes países e organizações que conseguiram identificar 1311
asteróides potencialmente perigosos. O termo PHA (potentially hazardous asteroids)
significa asteroides com um determinado raio de órbita cruzando esta a
da Terra numa vizinhança muito curta. Os cálculos são feitos por
laboratórios tanto terrestres como espaciais como, por exemplo, um
aparelho da NASA, o WISE (Wide-Field Infrared Survey Explorer).
Na
Rússia, encontra-se atualmente em funcionamento um Grupo de Trabalho e
Peritagem de Ameaças Cósmicas do Conselho Espacial da Academia Russa que
tem sede no Instituto de Astronomia da ACR. O grupo ocupa-se de duas
áreas: o lixo espacial e o perigo de asteróides e meteoritos. Uma das
suas tarefas é a elaboração de um programa de reação ao perigo que vem
do espaço. É possível que num futuro breve esse tema ocupe um lugar
central no programa espacial da
Rússia, o que foi afirmado pelo
vice-primeiro ministro Dmitri Rogozin.
De
resto, não existe no mundo uma única missão fixa que tenha por objetivo
elaborar uma “contra-resposta” ao asteróide. A missão “Apofis”, em
preparação na SPA S. A. Lavochkin, ainda não tem prazos concretos de execução (além do pazo evidente da aproximação do próprio Apófis à Terra).
Também
não se deve esperar por uma resposta no encontro de São-Petersburgo. É
interessante que neste se discutem questões da interação espacial sem
subentendidos militares. Ainda é mais interessante, quando há uma
coincidência no tempo com iniciativas como o estudo dos asteróides como
fontes de matérias-primas. Será que a exploração espacial, depois de um
período de estagnação evidente, está a entrar numa nova fase de
desenvolvimento, ou trata-se de mais um tema da moda? Claro que a
segunda versão é mais realista, mas a primeira não deixa de ser mais
interessante.
Fonte: Voz da Rússia
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