Publicado por dinamicaglobal.wordpress.com em 1 de junho de 2012.
Na Rússia
está sendo criada uma original rede social para pessoas com problemas
genéticos semelhantes. No site PrimerLifе – uma das empresas de
Skolkovo, o centro de inovações nos arredores de Moscou, é possível
carregar um ficheiro com os seus dados genéticos, aceder a uma
comunidade de pessoas com genes idênticos e obter informação sobre os
riscos de desenvolvimento de certas doenças. A ideia não é má, dizem os
especialistas. A questão é outra: saber se será razoável utilizar tais
tecnologias sócio-genéticas.
O futuro,
dizem os especialistas, pertence à chamada medicina pessoal, que se
baseia nas investigações genéticas e permite evitar muitas doenças.
Neste sentido, a nova rede social parece ter boas perspetivas. Será não
apenas um local para discutir determinadas doenças (na Internet já
existem muitos sites desse tipo). O PrimerLifе irá realizar um
importante trabalho científico e diagnosticar doenças com base na
informação genética concedida pelos usuários da rede social. O
importante é vencer a doença nos seus primeiros estádios, diz o
dirigente do projeto, Serguei Mussienko.
"A nossa
ideia consiste em juntar as pessoas em grupos sociais de acordo com os
riscos de desenvolvimento de determinada doença e dar-lhes a
possibilidade de comunicarem umas com as outras sobre várias coisas, em
primeiro lugar sobre a forma de evitar a doença".
Não será
muito fácil desenvolver o novo projeto, dizem os especialistas. Por
enquanto, a análise do genoma na Rússia não é um procedimento rotineiro.
Tais estudos custam bastante caro e as pessoas não os costumam fazer de
forma voluntária. Os testes genéticos são feitos, regra geral, por
pessoas com problemas hereditários. Seja como for, a sociedade ainda não
está pronta a utilizar tais serviços sociais, considera o diretor do
Laboratório de Bioinformática do Centro de Hematologia Infantil,
Aleksandr Javoronkov.
"O número
de usuários de tal rede social será limitado desde o princípio porque,
em primeiro lugar, nem todos possuem dados genéticos. Em segundo lugar,
nem todos estão dispostos a partilhar os seus dados em público uma vez
que tal é como mostrar o seu processo clínico".
Já são
conhecidos muitos casos em que a facilidade de acesso a dados sobre o
risco de desenvolvimento de determinada doença pode levar à
discriminação no trabalho. No estrangeiro, por exemplo, nos EUA, as
empresas já despediram várias vezes funcionários depois de testes
genéticos. É bem conhecido o caso de Pamela Fink, de 40 anos, despedida
pelo empregador após uma análise genética ter mostrado tendência para
desenvolver cancro da mama. Como resultado, no fim de 2009 nos EUA foi
adotada uma lei que proíbe a discriminação com base em análises
genéticas.
Na Rússia, por enquanto não existe tal lei e iniciativas legislativas desse gênero não tinham muita atualidade até agora.
“Os
usuários poderão eles próprios regular o nível de privacidade”, assegura
a empresa PrimerLifе. No entanto, o dirigente do projeto, Serguei
Mussienko, faz uma ressalva: será que faz sentido tornar os seus dados
secretos?
"Há que
compreender que vivemos em um século de transparência. Não faz sentido
esconder os seus códigos genéticos porque, ao apertar a mão a uma pessoa
ou através de um cabelo, você pode facilmente obter esses dados".
Bom, por
enquanto, para a maioria das pessoas, tais procedimentos são ainda
“ficção científica”. Não obstante, os autores da nova rede social estão
certos de que esta terá sucesso. A primeira a ser lançada será a versão
inglesa. Tal acontecerá ainda este verão.
fonte: Voz da Rússia
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