O braço direito do papa, o Secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, é retratado como um "homem do sim," sem experiência diplomática ou habilidades linguísticas, e o telegrama sugere que o papa é protegido de notícias ruins. "Há também a questão de quem, se alguém, leva visões discordantes à atenção do papa," diz o documento.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi (autoridade elogiada por saber como usar um Blackberry), disse que os telegramas refletem a percepção de seus autores e não são "expressões da Santa Sé propriamente dita."
Um documento vazado diz que a "falta de compartilhamento de informações" entre as instituições do Vaticano é a culpada pelo erro no discurso do papa em Regensburg, em 2006, que os muçulmanos entenderam como um ato de igualar o Islã à violência, e a reintegração de um bispo que nega a existência do Holocausto.
Judeus e muitas outras pessoas ficaram enraivecidas em 2009 quando o papa cancelou a excomunhão do bispo tradicionalista Richard Williamson.
Um telegrama datado de 26 de fevereiro deste ano mostra também que o Vaticano impediu a cooperação com investigadores sobre abusos sexuais praticados pelo clero na Irlanda.
O telegrama diz: "O Vaticano acredita que o governo irlandês falhou ao respeitar e proteger a soberania do Vaticano durante as investigações." O documento diz que o Vaticano ficou ofendido e enraivecido pelos pedidos de investigadores irlandeses que queriam conversar com a Santa Sé.
"A operação de comunicação na Santa Sé está sofrendo com 'mensagens confusas', em parte como resultado da tecnofobia e ignorância de cardeais sobre as comunicações no século 21. Apenas um importante assessor papal tem um Blackberry e poucos possuem contas de e-mail. Isso levou a asneiras de relações públicas em assuntos sensíveis como o Holocausto," escreveu um diplomata norte-americano.
Um telegrama chama o círculo de assessores do papa de homens "ítalocêntricos" que não se sentem bem com a tecnologia da informação e com a "competição selvagem das comunicações."
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CIDADE DO VATICANO (PRAVDA.RU) - Telegramas diplomáticos enviados pela embaixada dos Estados Unidos no Vaticano ao Departamento de Estado, Washington, relatam abusos sexuais do clero e cardeais tecnofóbicos.
O Vaticano teve suas atitudes escancaradas pelos vazamentos de documentos da diplomacia americana publicados pelo WikiLeaks, o site jornalístico que virou de cabeça para baixo a diplomacia e a política mundial, mostrando como agem os diplomatas americanos em território estrangeiro.
As divulgações dos documentos vão desde abusos sexuais por parte do clero e erros nas relações públicas até a presença de cardeais "tecnofóbicos."
Telegramas enviados da embaixada dos Estados Unidos no Vaticano ao Departamento de Estado Washington descrevem o papa Bento 16 como um homem isolado em algumas situações, enquanto seus auxiliares tentam protegê-lo de saber as notícias ruins. Os telegramas dizem, também, que o mais importante assessor papal é visto como um homem com pouca credibilidade entre diplomatas.
Um longo telegrama, datado de fevereiro de 2009, cheio de linguagens diplomáticas, fala sobre fortes críticas às estruturas de comunicação interna e externa do Vaticano, que é responsabilizado por algumas "escorregadas" públicas do papa Bento 16.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA - Correspondente Internacional do PRAVDA.RU no Brasil.
Fonte: http://port.pravda.ru/mundo/13-12-2010/30903-documentos_vaticano-0/
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