Publicado por dinamicaglobal.wordpress.com em 08 de maio de 2012.
A República
Islâmica do Irã, a qual costumamos nos referir simplesmente como o Irã,
está localizada de maneira tal que seu território ocupa tanto a Eurásia
como o Oriente Médio. O Irã faz fronteira com o Iraque do lado
noroeste, sendo que a Turquia fica um pouco mais acima deste mesmo lado.
O Afeganistão e o Paquistão são vizinhos fronteiriços ao leste, sendo que ainda mais adiante para o mesmo leste encontra-se a China. Ao norte própriamente dito encontra-se a Rússia.
O Afeganistão e o Paquistão são vizinhos fronteiriços ao leste, sendo que ainda mais adiante para o mesmo leste encontra-se a China. Ao norte própriamente dito encontra-se a Rússia.
O
território o Irã é banhado por quase todos os lados por águas de mares,
golfos, estreitos e lagos de uma grande significância política para o
transporte do petróleo mundial. Trata-se do Golfo Pérsico, do Golfo de
Omã – onde o estreito de Hormuz está localizado ligando esses dois
braços marítmos – do Mar Árabe e finalmente do Mar Cáspio. Sua posição
poderia dificilmente ser mais central, quanto as rotas marítmas que
abastecem o mundo com o petróleo.
A capital
do Irã é Teerã, que também é o maior centro cultural-político-econômico
do país. A civilização persa é uma das mais antigas do mundo sendo que
sua medicina, astronomia, matemática assim como artes, literatura e
filosofia formaram os fundamentos do mundo moderno, tendo sido também
este o contexto no qual a Identidade Islâmica se desenvolveu.
Sua
população atual é de 79.000.000 de habitantes sendo que o padrão de vida
é alto. De 1900 à 1950 o país foi dirigido por uma monarquia
constitucional, ou seja já obedecendo as leis de um governo
parlamentárico. Há aqui também um monarca que foi deposto por não
agradar ao poder colonial britânico e seus interesses econômicos em
relação ao petróleo do país. As companhias de pretróleo dos interesses
britânicos não estavam satisfeitas e o monarca simplesmente perdeu seu
poder e sua base poliítica a favor dos interesses britânicos.
O filho do
acima mencionado monarca pode então retomar o poder, bem mais tarde,
através de um golpe-de-estado, em1953. Este golpe-de-estado se efetuou
abaixo dos auspícios da mesma Inglaterra, agora ajudada pelos Estados
Unidos. Quanto a Inglaterra tudo estava sendo feito para o bem da sua
principal companhia petrolífera de então. O governo que tomou o poder
abaixo dos auspícios da Inglaterra e dos Estados Unidos foi o governo do
monarca que conhecemos como o Shah do Irã.
Esta pode
ter sido a primeira vez que os Estados Unidos agiram ativamente na arena
internacional, nesse caso através de um golpe-de-estado, para derrubar
um governo que não se lhes subjugava.
O último
caso consumado, neste sentido, foi a guerra da Líbia que é um país do
norte da África. A guerra da Líbia foi imediatamente seguida por um
resurgimento armado com muito envolvimento “estrangeiro” por todo a
faixa petrolífera que fica localizada mesmo abaixo da que podemos chamar
de faixa norte da África.
Todos os
países africanos da abrangente faixa petrolífera encontram-se agora,
depois da caída do governo da Líbia pelas mãos da OTAN, em guerra aberta
ou dissimulada, guerras estas de maior ou menor intensidade. A mídia
ocidental continuando surda e muda como sempre.
A Síria ainda temos na encruzilhada do destino, a espera de uma definição.
Mas
voltando ao Irã de 1953. No Irã então, as manipulações da instalação do
sistema político dirigido pelos interesses econômicos
coloniais-imperialistas da Inglaterra e dos Estados Unidos fizeram com
que uma oposição iraniana, contra as manipulações estrangeiras, se
fizesse notar. Esta oposição culminou na revolução popular de 1979, que
estabeleceu a República Islâmica do Irã no governo do país.
O Irã é
muito importante para a segurança energética do mundo, assim como para
sua economia global. A reserva de gás natural do Irã é a segunda maior
do mundo, e a sua reserva de petróleo é a quarta maior do mundo.
De acordo
com Yuri Baranchik [1], a República Islâmica do Irã tornou-se num poder
regional de peso e o Irã ocupa agora uma posição estratégica muito
importante devido a uma série de fatores. Em relação a segurança
energética ressaltou-se então:
1) sua localização estratégica
2) seus impressionantes recursos naturais
3) seu acesso marítmo as rotas de frete de carga
4) seu
potencial para poder integrar diversos fatores numa teia de comunicações
favoráveis ao desenvolvimento econômico da Eurásia.
De acordo
com o autor temos que a lógica das relações internacionais
contemporâneas se baseia na primazia dos Estados Unidos, primazia esta
tendo que ser constantemente reafirmada.
Deste modo
temos que tanto as elites do Partido Democrático (liberal
intervencionista) quanto as elites do Partido Republicano dos Estados
Unidos aderem a idéia de que a força militar é a melhor forma de
política exterior para o seu país. Neste cenário as fronteiras e as
soberanias nacionais perdem, da perspectiva bélica dos mesmos, os seus
contornos e o seu significado tradicional . No caso do Oriente Médio
para eles quanto maior for o território do que denominam como o
“Grande-Oriente Médio”, tanto melhor.
Um
“Grande-Oriente Médio” significa, aos olhos dos acima mencionados, um
Oriente-Médio como uma gigantisca base militar americana, e isto no
coração da Eurásia. Um político “Grande Oriente- Médio significaria
então para os Estados Unidos:
1) um quase que total controle sobre o preço do gás e do petróleo.
2) um domínio político-econômico sobre os poderes regionais da Eurásia, ou seja, a China, a Índia e a Rússia.
A Rússia, A
China, a Índia e o Irã. Nesses quatro poderes regionais sustenta-se a
balança estratégica, não só da Eurásia, como também da balança
estratégica mundial.
Quem ainda
consegue acreditar que é o aspecto ou a perspectiva de um Irã nuclear
que incomoda os Estados Unidos [e por consequência seus irmãos em
armas]? A China tem muito mais para incomodar os Estados Unidos a esse
respeito do que Irã nunca teria, mesmo se o Irã viesse a ter um
relativamente pequeno arsenal nuclear. O único provável alvo para um Irã
com armas nucleares seria da perspectiva do autor, e assim também como
da minha, Israel. O autor ressalta então que neste caso o próprio Irã
iria, de certeza, transformar-se numa total catástrofe nuclear. A
história, a experiência e a lógica nos mostram claramente que isto não
faz sentido.
O problema é
então, outro. O próprio fato de um Irã com uma capacidade tecnológica
incluindo o domínio do setor da energia nuclear representaria uma
derrota política para os Estados Unidos no contexto da situação, e ainda
por cima uma prova concreta da possibilidade atual e realística de um
mundo multipolar, mundo multipolar este com diversos centros de poder
político-econômico em cooperação conjunta, ou concorrência.
Mas é isso
aí. Isto não só acabaria com a primazia dos Estados Unidos, como também
mostraria com toda a desejável clareza as bases periclitantes dos
arranjamentos nos quais o complexo industrial-militar estabelece os
Estados Unidos como uma super-potêmcia e o dólar como a única realmente
internacional moeda-de-reseva. Isto quer dizer a moeda destinada a
compras e vendas no mercado internacional e isto então muitíssimo
especialmente quanto a compra e venda do petróleo e seus derivados no
mercado internacional.
A economia
atual dos Estados Unidos é propulsionada por um empréstimo desenfreado
no mercado financeiro e esta não teria grandes chances de sobreviver com
uma liderança americana enfraquecida. A supremacia dos mesmos se
tornaria em coisa do passado. Ao meu ver um passado a ser esquecido,
depois de bem analizado e entendido.
O autor
Yuri Baranchik argumenta ainda que não é a necessidade do petróleo
própriamente dito que motiva as ações dos Estados Unidos no contexto
aqui estudado. O que motiva as ações dos mesmos é a sua necessidade de
controlar tanto o mercado petrolífero como o preço do petróleo no
mercado internacional.
Os Estados
Unidos tem fontes próprias para seu consumo energético doméstico.
Portanto quanto as suas sanções que agora levam o preço do petróleo às
alturas, isto não os afeta diretamente, se visto deste específico
aspecto.
No entanto,
as sanções unilaterais americanas, que eles ainda tentam chantagear
outros países a também imporem, faz por outro lado que as economias da
União Européia assim como a da China e da Índia, entre outros países,
venham a sofrer as consequências. Eles mesmos pretendendo passar ao
largo da tempestade.
É
interessante notar aqui a triste figura que a União Européia é
compulsionada a apresentar, também neste caso como em muitos outros.
O autor
ressaltou então que poder controlar o Irã politicamente significava para
os Estados Unidos o mesmo que poder controlar o fornecimento energético
da China e da Índia.
Nos tempos
coloniais de outrora os países europeus só podiam adquirir suas
importações coloniais através de um revendedor global, o qual conhecemos
hoje em dia como a monarquia britânica.
Um controle
do mercado e do preço do petróleo facilitaria ainda por cima uma marcha
dos Estados Unidos a uma superioridade tecnológica sobre seus
competidores, concluiu Yuri Baranchik.
Ressaltamos
então aqui que Irã é um membro fundador tanto da ONU quanto da OPEP –
Organização dos Países Produtores de Petróleo. A importância do Irã não
acaba com a sua importância estratégica.
A importância internacional do
Irã também se mostra na sua posição atual como um símbolo da luta pelo
direito da auto-determinação dos povos e da primazia da lei e do direito
a ser exigidas nas relações internacionais.
REFERÊNCIAS E NOTAS:
[1] Yuri
Baranchik, “Will the U.S. Launch an Agression Against Iran?” no jornal
on-line da Strategic Culture Foundation – www.strategic-culture.org
Autora: Anna Malm, correspondente na Europa de Pátria Latina e Irã News.
fonte: http://www.iranews.com.br/noticias.php?codnoticia=8095
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