UCS - 11 de março - O grande terremoto sobre o litoral nordeste do Japão provocou uma situação potencialmente catastrófica numa das centrais nucleares do país. A situação ainda está em evolução, mas abaixo está uma avaliação preliminar com base nos fatos tal como os expecialistas nucleares da Union of Concerned Scientistas entendem atualmente.
O proprietário da Central Nuclear, Tokyo Electric Power Company ( TEPCO ), informou que às 14h46 locais as "turbinas e reatores das unidades 1, 2 e 3 da Central Nuclear de Fukushima Daiichi cessaram de funcionar automaticamente devido ao terremoto denominado Miyagiken-oki".
Estes reatores são três dos seis que operam na instalação nuclear de Fukushima I. Todos eles são de água fervente (boiling water reactors). A unidade 1 tem uma potência de 460 megawatts e as unidades 2 e 3 têm uma potência de 784 megawatts.
Usinas nucleares japonesas e seus recpectivos reatores. Foto: japanichiban.com |
A TEPCO prosseguiu declarando que os encerramentos foram provocados pela perda de energia fora das suas instalações "devido ao mau funcionamento dos dois sistemas de energia externos". Esta perda de energia disparou os geradores diesel de emergência, os quais automaticamente começaram a proporcionar energia substituta (backup) aos reatores.
No entanto, às 15h41 locais, os geradores diesel de emergência encerraram "devido ao mau funcionamento, resultando na perda completa de corrente alternada para todas as três unidades", segundo a TEPCO. A falha dos geradores diesel mais provavelmente foi devida à chegada do tsunami, o qual provocou inundação na área. O terremoto teve seu epicentro a 240 quilômetros do Japão e o tsunami teria levado aproximadamente uma hora para alcançar as ilhas japonesas.
No entanto, às 15h41 locais, os geradores diesel de emergência encerraram "devido ao mau funcionamento, resultando na perda completa de corrente alternada para todas as três unidades", segundo a TEPCO. A falha dos geradores diesel mais provavelmente foi devida à chegada do tsunami, o qual provocou inundação na área. O terremoto teve seu epicentro a 240 quilômetros do Japão e o tsunami teria levado aproximadamente uma hora para alcançar as ilhas japonesas.
Esta falha de energia resultou numa das mais sérias condições que podem afetar uma central nuclear – um "blackout da central" – durante o qual perde-se tanto a energia produzida externamente à central como a corrente alternada (AC) de emergência da própria central. As centrais nucleares geralmente precisam de energia AC para operar os motores, válvulas e instrumentos que controlam os sistemas que fornecem água de arrefecimento ao núcleo radioativo. Se toda a energia AC for perdida, as opções para arrefecer o núcleo são limitadas.
Os reatores de água fervente em Fukushima são protegidos por um sistema Reactor Core Isolation Cooling (RCIC), o qual pode operar sem energia AC porque é conduzido por vapor e portanto não exige bombas elétricas. Contudo, ele exige energia em corrente contínua (DC) de baterias para as suas válvulas e controles funcionarem.
Contudo, se a energia das baterias for esgotada antes de a energia AC ser restaurada, o RCIC cessará de fornecer água para o núcleo e o nível de água no núcleo do reator poderia descer. Se descesse demasiadamente, o núcleo super-aqueceria e o combustível ficaria danificado. Finalmente, um "colapso" ("meltdown") poderia acontecer: o núcleo poderia tornar-se tão quente que formasse uma massa pastosa que se fundiria através do recipiente de aço do reator. Isto libertaria uma grande quantidade de radioatividade do recipiente para dentro do edifício de contenção que encerra o recipiente.
A finalidade principal do edifício de contenção é impedir a liberação da radioatividade para o ambiente. Um colapso aumentaria a pressão no edifício de contenção. Neste ponto não sabemos se o terremoto danificou o edifício de contenção suficientemente para minar a sua capacidade de conter a pressão e permitir que a radioatividade escape.
Segundo documentos técnicos traduzidos por Aileen Mioko Smith da Green Action no Japão, se o nível do refrigerador caiu para o topo das varetas de combustível (fuel rods) ativas no núcleo, o dano no núcleo começaria cerca de 40 minutos mais tarde e o dano no recipiente do reator ocorreria 90 minutos depois disso.
A preocupação acerca de um acidente grave é tão alta que enquanto a TEPCO tenta restaurar o refrigerador o governo evacuou uma área com raio de 3 km em torno do reator.
A Bloomberg News informou que a vida da bateria do sistema RCIC é de oito horas. Isto significa que as baterias teriam sido esgotadas antes das 10h00 EST de hoje. Não está claro se esta informação é exata, uma vez que sugere que várias horas teriam decorrido sem qualquer arrefecimento do núcleo. A Bloomberg também informa que o Japão comissionou seis baterias de substituição e planejou transportá-las para a Central Nuclear, possivelmente em helicóptero militar. Não está claro quanto tempo esta operação demoraria.
Também há informações ulteriores de que a Unidade 2 de Fukushima I perdeu o sistema de refrigeração do núcleo, o que sugere que o seu RCIC cessou de funcionar, mas que a situação "foi estabilizada", embora não seja publicamente conhecido o que é a situação. A TEPCO confirmadamente planeia libertar vapor do reator para reduzir a pressão, a qual se elevou 50 por cento acima do normal. Este escape liberará alguma radioatividade.
A UCS emitirá atualizações à medida que se tornar disponível mais informação.
Fonte: http://mrzine.monthlyreview.org/2011/ucs110311.html
http://japanichiban.com/2011/03/nuclear-power-plants-in-japan
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