Esse texto é um fragmento do texto Tomgram: Alfred McCoy, Taking Down America publicado em 5 de dezembro em tomdispatch.com, dividido aqui em partes e publicadas individualmente:
a)Declínio econômico dos Estados Unidos: Situação atual.
b)Declínio econômico dos Estados Unidos: Cenário de 2020.
a)Crise petrolífera: Situação atual.
b)Crise petrolífera: Cenário 2025.
a)As aventuras militares desastrosas dos Estados Unidos: Situação atual.
b)O Cenário de 2014 das aventuras militares dos Estados Unidos.
a)Cenário atual de uma III Guerra Mundial.
b)Cenário de III Guerra Mundial até 2025.
Mesmo que os acontecimentos futuros venham a ser mais desagradáveis do que estes quatro cenários sugerem, todas as tendências significativas apontam para um declínio muito mais impressionante do poder global americano em 2025 do que tudo o que Washington parece estar hoje a encarar.
À medida que em todo o mundo os aliados começam a realinhar as suas políticas para terem conhecimento dos crescentes poderes asiáticos, o custo de manter 800 ou mais bases militares ultramarinas vai tornar-se simplesmente insustentável, acabando por forçar uma retirada encenada numa Washington ainda renitente. Com os Estados Unidos e a China numa corrida para armar o espaço e o ciber-espaço, é inevitável que aumentem as tensões entre as duas potências, tornando pelo menos possível um conflito militar em 2025, embora isso não seja garantido.
Enquanto o poder dos Estados Unidos recua, o passado oferece um espectro de possibilidades para uma futura ordem mundial. Numa das pontas deste espectro, não se pode pôr de lado a ascensão de uma nova superpotência global, embora isso seja pouco provável. Tanto a Rússia como a China revelam ainda culturas auto-referenciais, escritas difíceis, não romanas, estratégias de defesa regional e sistemas legais subdesenvolvidos, que lhes negam instrumentos chaves para um domínio global. Portanto, de momento, parece que não há no horizonte nenhuma superpotência que possa suceder aos Estados Unidos.
Numa versão sombria, medonha, do nosso futuro global, uma coligação de corporações transnacionais, de forças multilaterais como a OTAN e de uma elite financeira internacional talvez pudesse forjar um único elo supra-nacional, possivelmente instável, que tornaria sem sentido continuar a falar de impérios nacionais. Enquanto as corporações desnacionalizadas e as elites multinacionais governariam assumidamente um mundo assim, em enclaves urbanos seguros, a multidão seria relegada para a desolação urbana e rural.
A meio caminho do espectro de possíveis futuros, pode emergir um novo oligopólio global entre 2020 e 2040, com potências em ascensão como a China, a Rússia, a Índia e o Brasil colaborando com potências em decadência como a Grã-Bretanha, a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos para imporem um domínio global ad hoc, parecido com a aliança solta dos impérios europeus que governaram metade da humanidade por volta de 1900.
Outra possibilidade: a ascensão de hegemonias regionais num regresso a algo que faz recordar o sistema internacional que funcionou antes de tomarem forma os impérios modernos. Nesta ordem mundial neo-westfaliana, com as suas imagens infindáveis de micro-violência e de exploração sem controlo, cada hegemonia dominará a sua região – Brasília na América do Sul, Washington na América do Norte, Pretória na África do Sul, e assim por diante. O espaço, o ciber-espaço e as profundezas marítimas, libertos do controle da antiga "polícia" planetária, os Estados Unidos, até podem tornar-se áreas públicas globais, controladas por um Conselho de Segurança das Nações Unidas alargado ou qualquer órgão ad hoc.
Todos estes cenários são extrapolações de tendências existentes para um futuro no pressuposto de que os americanos, míopes pela arrogância de décadas de um poder historicamente sem paralelo, não possam ou não queiram tomar medidas para gerir a erosão descontrolada da sua posição global.
Se o declínio da América está de fato numa trajetória de 22 anos, de 2003 a 2005, então já esbanjamos a maior parte da primeira década desse declínio com guerras que nos afastaram dos problemas a longo prazo e, tal como a água despejada nas areias do deserto, desperdiçaram milhões de milhões de dólares de que precisamos desesperadamente.
Se restam apenas 15 anos, ainda se mantem alta a possibilidade de esbanjá-los até o esgotamento. O Congresso e o presidente encontram-se atualmente manietados; o sistema americano está inundado de dinheiro público destinado a emperrar as obras; e poucas indicações há de que quaisquer questões de significado, incluindo as nossas guerras, o nosso estado de segurança nacional, o nosso esfomeado sistema de educação, e o nosso antiquado fornecimento de energia, sejam tratadas com a necessária seriedade para assegurar o tipo de aterrissagem suave que podia maximizar o papel e a prosperidade do nosso país num mundo em mudança.
Os impérios da Europa acabaram e o império da América está a acabar. É cada vez mais duvidoso que os Estados Unidos venham a ter algo parecido com o êxito da Grã-Bretanha em moldar uma ordem mundial sucedânea que proteja os seus interesses, preserve a sua prosperidade e exiba o carimbo dos seus melhores valores.
por Alfred W. McCoy
Fonte: http://resistir.info/eua/decline_fall_p.html
Alfred W. McCoy, professor de história na Universidade de Wisconsin-Madison, colaborador frequente de TomDispatch, autor de Policing America's Empire: The United States, the Philippines, and the Rise of the Surveillance State (2009). É também o lider do projeto "Empires in Transition" , um grupo de trabalho global de 140 historiadores de universidades dos quatro continentes. Os resultados das suas primeiras reuniões em Madison, Sidney, e Manila foram publicados como Colonial Crucible: Empire in the Making of the Modern American State e as conclusões da sua última conferência aparecerão no ano que vem em "Endless Empire: Europe's Eclipse, America's Ascent, and the Decline of U.S. Global Power".
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