Publicado por dinamicaglobal.wordpress.com em 21 de março de 2012.
No fim de semana de 10-11 de março, o sistema de defensa anti-mísseis israelense ‘Cúpula de Ferro’ passou por uma nova prova de eficácia.
Um ataque maciço de mísseis lançado desde os territórios palestinos continua levantando dúvidas sobre a eficiência econômica e combativa dos mísseis interceptores israelenses, que conseguiu um pouco mais de 30% dos mísseis disparados.
Ataque do sábado
Na sexta-feira, 9 de março, as Forças Armadas de Israel bombardearam a Faixa de Gaza e abateram ao líder do grupo palestino Comitês da Resistência Popular, Zuhair Qaisi, e o seu assesor Mahmud Hanani, acusados do treinamento dos terroristas.
Em resposta, os movimentos radicais palestinos dispararam no dia seguinte uns 120 mísseis contra Israel. A maioria deles foram mísseis artesanais Kassam, assim como projéteis reativos não guiados de 122 mm que são usados em lança-mísseis múltiplos sobre plataforma móvel BM-21 Grad, de marca russa.
Isto se pode comparar com os acontecimentos que ocorreram em 2006, durante a Segunda Guerra do Líbano (de 12 de julho a 14 de agosto de 2006), quando a milícia libanesa disparou uns 4.000 projéteis de diversos calibres contra diversas localidades do norte de Israel.
O recente ataque com mísseis colocou a prova novamente o sistema de defesa anti-mísseis israelense ‘Cúpula de Ferro’, instalado para proteger vários bairros urbanos do sul de Israel desde 2011. Três baterias mostraram-se muito eficientes: dos 29 mísseis que ameaçavam aos bairros residenciais no seu raio de ação, 27 foram interceptados. Mas todos os demais projéteis impactaram seus alvos e o ataque maciço de mísseis voltou a ser o centro das atenções na necessidade de proteger os civis no território palestino mediante um sistema eficaz de defesa anti-mísseis.
Israel necessita de guarda-chuva
Israel é um Estado pequeno e numa situação na qual resulta impossível liberar os territórios árabes dos extremistas radicais, Tel Aviv deveria estar acostumado aos ataques de mísseis contra os bairros judeus. Mas “acostumar-se” não é o mesmo que “conformar-se”.
Já faz tempo, Israel iniciou vários experimentos com a finalidade de desenvolver um sistema de defesa anti-mísseis capaz de derrubar alvos à curta distancia.
Em 1996, na época do projeto Nautilus, se criou um sistema que devia abater mísseis com armas laser. Nos 2000, apareceu uma nova versão do sistema anti-mísseis israelense, Skyguard, projetado pela empresa norte-americana Northrop Grumman em cooperação com Israel. O sistema foi testado, mas ainda não iniciou a fabricação em série devido a várias causas.
Segundo a imprensa israelense que cita a opinião de muitos especialistas, incluíndo a de Oded Amichai, especialista em tecnologia laser que anteriormente trabalhava no consorcio israelense Rafael, a decisão se tomou sob a pressão do lobby do setor de defesa de Israel, que intentava impedir que fossem firmados contratos importantes com as companhias estrangeiras.
Na metade dos anos 2000, os militares israelenses renunciaram o sistema de defesa anti-mísseis com laser e centraram suas atenções nos mísseis interceptores. Assim, apareceu o sistema ‘Cúpula de Ferro’, as primeiras três baterias que se instalaram em Israel em 2011. Este sistema se representava como a proteção ideal dos ataques de mísseis hipoteticamente lançados por terroristas palestinos.
Trata-se de um sistema tradicional de mísseis de curto alcance conseguiu interceptar projéteis não guiados abatendo-os com os mísseis interceptores Tamir. Segundo os dados oficiais, o raio máximo de ação deste sistema foi inicialmente 40 quilômetros, e posteriormente, 70 quilômetros.
Este sistema custou caro. Israel gastou 205 milhões de dólares para desenvolver o sistema e cada bateria da ‘Cúpula de Ferro’ custou uns 50 milhões de dólares sem tomar em consideração o custo do próprio míssil.
O sistema de controle devia ser ligado a um mapa zonal do terreno e avaliar parâmetros balísticos do alvo hipotético. Poderiam lançar ataques só no caso em que se esteja seguro de que o alvo não se encontra nos bairros residenciais.
Economia da época da Guerra Fria
O custo dos mísseis interceptores Tamir segue sendo um segredo até hoje em dia. Segundo as cifras oficiais apresentadas pelos militares israelenses, um míssil custa 40.000 ou 45.000 dólares.
No entanto, vários especialistas de Israel anunciaram que seria possível conseguir tais valores só iniciando-se a produção em série dos mísseis interceptores. E incluso neste caso, se trataria melhor da estimação de gastos que de custos.
Segundo as estimativas de especialistas independentes publicadas com frequência nos meios de informação israelense, o custe atual dos Tamir é de 50.000 a 100.000 dólares
Considerando que se necessitam dois mísseis para abater um só alvo, o custe de interceptação dos Kassam ou de projéteis reativos não guiados que se usam em lança-mísseis múltiplos Grad parece excesivo.
O contraste é o mais notável quando se compara a política de defesa israelense com a economia palestina da guerra de posições com mísseis.
O míssil artesanal Kassam inclui os seguintes elementos: um artefato tubo, o chamado “combustível” –uma mescla de açúcar com um fertilizante– e o elemento explosivo composto de uma mistura de trilita com outros fertilizantes e um detonador primitivo. Este míssil custa de 200 a 500 dólares.
Para os que consideram inadmissível derrubar tais alvos baratos com o armamento de alta precisão, em 2008 começaram a importar os mísseis iranianos cujo protótipo é o míssil Grad, de marca russa.
O custe de um projétil importado de Israel é de uns 1.000 dólares. A precisão deixa muito a desejar, mas este míssil é capaz de derrubar alvos nos bairros residenciais.
O que ocorre é que Israel deve pagar quase duas vezes mais pela defesa que os palestinos pelo ataque. É demasiado caro, concluem os militares, mas a segurança dos cidadãos é prioridade.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, declarou que é necessário comprar “dezenas de milhares” dos Tamir para que sejam eficazes.
Além disso dos pedidos para os sistemas de rádio de alcance médio e mísseis interceptores de mísseis de alcance médio Arrow, Barak avaliou os gastos gerais que se destinam para o escudo anti-mísseis israelense e ultrapassam 7 ou 8 bilhões de dólares.
A imprensa israelense parece mais cética, ao anunciar que o custe deste projeto é de uns 50 bilhões de dólares.
A realidade é que Israel não dispõe de tanto dinheiro, a pesar da ajuda financeira que os Estados Unidos destina ao setor militar israelense. Mas parece que este não é o problema principal.
Normas éticas aplicadas ao escudo anti-mísseis
Um dos episódios mais complicados que se tem produzido em torno da implantação da ‘Cúpula de Ferro’ foi a história com a proteção de colônias adjacentes ao muro que separa a Faixa de Gaza árabe de Israel.
Em dezembro de 2010, a imprensa israelense publicou a informação fornecida por uma fonte anônima da Força Aérea do Estado judeu. Segundo a fonte, é muito difícil empregar o escudo anti-mísseis próximo à Faixa de Gaza.
O tempo mínimo necessário para ativar o sistema de destruição dos alvos com o posterior lançamento de mísseis interceptores é de 15 a 30 segundos. Mas, segundo a fonte, os mísseis artesanais palestinos também alcançam várias colônias judias localizadas perto da Faixa de Gaza em 15 ou 30 segundos. Por isso não há nenhum sentido na instalação do sistema de defesa anti-mísseis neste território.
Como resultado, se decidiu não instalar a ‘Cúpula de Ferro’ nas imediações da Faixa de Gaza. É curioso que a eficácia da defesa da cidade israelense de Sderot suscite duvidas relacionadas com a curta distância entre as colônias e o lugar de implantação dos mísseis.
Em Sderot iniciaram as primeiras provas deste sistema que não tem sido instalado ali. O Conselho regional de Eshkol cujos terrenos ficaram sem proteção apresentou uma demanda judicial exigindo a instalação do escudo anti-mísseis para assegurar a defesa dos territórios adjacentes à fronteira com a Faixa de Gaza.
Em agosto de 2011, o Tribunal Supremo de Israel rejeitou a demanda alegando motivos financeiros, de segurança e peculiaridades de uso operacional do sistema de defesa anti-mísseis.
Por que a ‘Cúpula de Ferro’ não pode cumprir sua missão principal de proteger às colônias judias que podem ser diretamente atacadas desde os territórios palestinos? É possível que esta tarefa não tenha sido considerada durante o processo desenvolvimento do sistema.
No outono de 2010, o geral Gadi Eizenkot, comandante do Distrito militar do Norte e candidato ao cargo de chefe do Estado Maior Geral das Forças de Defesa de Israel, destroçou a imagen de que a ‘Cúpula de Ferro’ estava sendo criada já a vários anos.
“Os cidadãos de Israel não devem alimentar suas ilusões acerca de que alguém vai lhes oferecer uma sombra”, declarou o general ao pronunciar um discurso na Universidade de Haifa. “O sistema foi desenvolvido para a proteção dos militares, sendo que ainda pode provocar vítimas entre os civis durante os primeiros dias de combates”, acrescentou.
Sua declaração clareou as coisas e agora podemos entender que para obter recursos para o desenvolvimento de um programa tão raro foi necessário convencer aos israelenses da necessidade de realizar a tarefa mui importante de garantir a segurança na região fronteiriça. Ao fim e ao cabo disso, as Forças de Defesa de Israel dispõem de um sistema eficaz de defesa contra mísseis não guiados e projéteis de artilharia. E a possibilidade de aplicar em reiteradas ocasiões para proteger aos civis é um êxito adicional do programa que se não tivesse sido orientado verbalmente à defesa dos bairros residenciais nunca teria recebido financiamento suficiente.
fonte: Ria Novosti
Os caras fazem missel com agrotoxico, que blz hein!
ResponderExcluirBela ideia essa do tal escudo.