Preparações para o lançamento do míssil Bulavá a partir do submarino porta-mísseis nucleares de 4ª generação “Yuri Dolgoruki" |
O complexo russo de construção de armamentos estratégicos “Academico V.P. Makéev” anunciou o desenvolvimento do novo míssil de implantação em submarinos chamado Lainer, e segundo seus designers, este foguete balístico supera em potência o míssil Bulavá.
A notícia que não é notícia.
Em, 9 de agosto, alguns meios de imprensa russos, citando fontes do centro “Makéev”, informaram sobre a criação de um novo míssil que “por suas características energéticas supera a todos os foguetes estratégicos de propelente sólido existentes em Grã Bretanha, China, Rússia, Estados Unidos e França”.
Este míssil “pode portar um número de ogivas duas vezes superior”, em comparação com a capacidade do míssil Bulavá”, informou a fonte.
Mas não é nenhuma notícia. O fato de que se está desenvolvendo o míssil Lainer se fez público em maio deste ano, desde então nenhuma informação nova tem sido informada.
Na realidade, se trata da modernização da numerosa família dos mísseis balísticos R-29R/RM/RMU.
Os “predecessores” do Lainer, os mísseis R-29 RMU2 Sinevá (SS-N-23 Skiff, segundo o código da OTAN) desenhados a finais da década de 1990, integram o armamento dos submarinos estratégicos do projeto 667 Delfim.
Em breve, estes submarinos serão submetidos a uma reparação geral em cuja ocasião serão equipados com o novo sistema de mísseis Lainer.
“Nossos submarinos porta-mísseis estratégicos do projeto 667 Delfim, que permanecem em serviço operacional, estão dotados dos foguetes Sinevá de combustível líquido.
A subsequente perfeição destes submarinos, e, em particular, a instalação dos foguetes Lainer neles, lhes permitirá permanecer a serviço da frota russa durante muitos anos, até que se complete o programa de rearmamento que prevê substituir-los com os novíssimos submarinos do tipo Borei (projeto 995)”, - explicou a RIA Novosti uma fonte de alto nível no Ministério russo de Defesa.
No entanto, segundo a mesma fonte, é incorreto comparar o Sinevá modernizado (Láiner) com os foguetes Bulavá.
Porque ambos portadores têm características de construção muito diferentes (Sinevá usa combustível líquido e Bulavá, sólido).
Além disso, se diferenciam pela massa da ogiva – 1.150 kg em Bulavá e entre 2.500 e 2.800, segundo diferentes dados, em Sinevá. Ao mesmo tempo, Sinevá é ao menos 4 toneladas mais pesado e uns 3 metros mais largo.
Dando preferencia ao propelente sólido.
Há outra diferença: Sinevá e suas modificações estão destinados a ser montados nos submarinos porta-mísseis “sem futuro”. Estes submarinos do projeto 667 Delfim seguirão modernizando-se e, pelo visto, permanecerão em serviço operacional uns 20 anos mais, sendo que esta classe de submarinos não se desenvolverá mais tarde.
Ainda que de momento, enquanto a Marinha de Guerra russa não incorpora em seus arsenais os novos submarinos nucleares da classe Borei (o primero deles, “Yuri Dolgoruki”, já realizou o lançamento de teste do míssil Bulavá), serão os submarinos do projeto Delfim os utilizados para as missões de patrulha. E para tanto, necessitarão de modernos sistemas de mísseis.
A competição hipotética entre Sinevá e Bulavá pelo sítio na Marinha é, até certo ponto, uma competição virtual. Os foguetes que empregam a dimetilhidracina assimétrica de combustível são realmente mais potentes que os que empregam o combustível sólido, porém são mais perigosos na utilização, especialmente na frota.
Por exemplo, a explosão em outubro de 1986 de um míssil de propelente líquido no submarino soviético K-219 causou a intoxicação dos tripulantes do mesmo e seu posterior afundamento. Em muitas ocasiões sucederam acidentes mais “simples” quando os mísseis carregados de combustível caíam no momento da montagem nos submarinos e, ao golpear-se contra o pier ou o próprio submarino, se despressurizavam emitindo componentes tóxicos.
“É verdade, o míssil Sinevá, já incorporado às Forças Armadas, tem mais potência e alcance que o míssil Bulavá, que emprega o combustível sólido. Contudo, a Rússia se orienta à construção, no futuro, dos mísseis balísticos de propelente sólido”, - informaram a RIA Novosti o Ministério de Defesa.
Parece que é uma postura geral entre os militares: a frota estratégica nuclear passará a equipar-se com um único míssil de combustível sólido que será o Bulavá. Em qualidade de plataforma de lançamento se empregarão os submarinos nucleares do projeto 995 que já mudaram de sistemas de mísseis três vezes.
Lutas competitivas.
Por trás da “notícia” sobre a criação de um “novo míssil”, mais “potente” que o Bulavá, se ocultam as contradições que existem no complexo militar-industrial do país.
Durante muitos anos após a desintegração da União Soviética, o Instituto Moscovita de Tecnologia Térmica (MITT, suas siglas em russo), que desempenhou um papel central no desenvolvimento e construção de numerosos mísseis balísticos intercontinentais e alguns mísseis balísticos para submarinos (entre eles Tópol, Yars e Bulavá e, anteriormente, o não menos temível Pioner), na verdade, foi a única entidade que fornecia armamento às forças nucleares da Rússia.
Tudo mudou durante o último ano. De repente (ainda que para alguns foi um momento esperado) os militares russos anunciaram que era necessário para substituir o lendário Satanás, o míssil balístico intercontinental R-36M2, que foi a principal arma das forças nucleares soviéticas e está tornando-se obsoleto, por um novo foguete pesado de propelente líquido. Nesta ocasião a “Oficina de desenho Academico V.P. Makéev” se encarregou de desenvolvê-lo.
Parece que a indústria nuclear russa é um setor dos mais públicos apesar de seu caráter secreto, já que os construtores de mísseis não param de trazer animadas discussões na imprensa sobre o futuro do setor.
Pelo visto, agora estamos ante uma destas discussões. Os rivais do MITT levantam a cabeça e pretendem ocupar um lugar digno no mercado, sobre tudo agora, quando os pedidos militares tem aumentado. A competência no mercado dos mísseis balísticos intercontinentais está se afiançando, enquanto as discussões continuarem.
Fonte: http://sp.rian.ru/opinion_analysis/20110812/150073153.html
Fonte: http://sp.rian.ru/opinion_analysis/20110812/150073153.html
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