Publicado por dinamicaglobal.wordpress.com em 08 de maio de 2012.
O
Parlamento Europeu aprovou o novo acordo de transferência de dados
pessoais às autoridades dos Estados Unidos. Este acordo sobre os dados
dos dossiês de passageiros (ditos PNR: Passenger Name Record) fixou as
condições jurídicas. Ele trata em particular dos períodos de conservação
dos referidos dados, da garantia de proteção daqueles referentes aos
passageiros europeus, da utilização que se pode fazer assim como dos
recursos administrativos e jurídicos.
O acordo
substitui o, provisório, de 2007. Há quase dez anos esta questão é
discutida regularmente por Bruxelas e Washington. O controle dos dados
pessoais foi inicialmente reclamado pelos Estados Unidos, avançando
sistematicamente com os atentados do 11 de Setembro para justificar a
sua determinação em resolver este acordo.
O primeiro
do gênero entrou em vigor em 2003, antes de ser invalidado pelo
Tribunal Europeu de Justiça em 30 de Maio de 2006. Um segundo PNR foi
então assinado, quase na esteira do anterior, em Julho de 2007… Antes de
ceder o lugar ao seu sucessor que os euros-deputado aprovaram
quinta-feira passada (19 de Abril) por 409 votos a favor, 226 contra e
33 abstenções.
Uma
minoria significativa de deputados votou contra o acordo: os temores
estão ligados principalmente à conservação dos dados. A relatora Sophie
In’t Veld pôs-se à frente do "campo do contra", ameaçando submeter o
acordo ao Tribunal Europeu de Justiça.
Pouco
antes da votação, a comissária dos assuntos internos, Cecília Malmström,
admitiu que "o acordo não era 100% perfeito", mas que "as negociações
tendo em vista chegar a um acordo com Washington não constituem em caso
algum uma opção".
Está
claro: os Estados Unidos ordenam, a colônia Europa obedece. Sophie In’t
Veld, conhecida pelas suas propostas inflamadas denunciando a sujeição
ao Tio Sam, exortou seus colegas a votarem em bloco contra este acordo.
"Pergunto-vos se outros países batessem à nossa porta sabendo o que eles
procuram… a China, Cuba, Rússia, estaríamos nós prontos a ceder-lhes
nossos dados como estamos em vias de fazê-lo com os Estados Unidos?",
questionou a euro-deputada holandesa. Sem se deter nesse bom caminho,
acusa diretamente a assembleia de Estrasburgo de estar ao serviço de
Washington: "o Parlamento Europeu crê que as relações transatlânticas
são mais importantes do que os direitos dos cidadãos europeus".
O novo
dispositivo aprovado pela assembleia europeia prevê, com efeito, que as
autoridades estadunidenses conservarão os dados PNR num banco [de dados]
ativo durante um período de cinco anos. Após os primeiros seis meses,
todas as informações que poderiam ser utilizadas para identificar um
passageiro seriam "despersonalizadas", o que significa que dados tais
como o nome dos passageiros e suas coordenadas deverão ser ocultados.
Após os
cinco primeiros anos, os dados serão transferidos para um "banco de
dados inativo" por um período máximo de dez anos. Finalmente, o acordo
prevê que os dados devem ser tornados completamente "anônimos", ou seja,
que todos os dados permitindo identificar um passageiro deverão ter
desaparecido completamente, com exceção daqueles ligados "a casos
específicos" que serão conservados num banco de dados PNR até à
"classificação do inquérito".
Mais uma vez, o caniche europeu dobra-se para satisfazer as vontades do seu mestre estadunidense.
Autor: Capitaine Martin
O original encontra-se em Résistance e em Le Grand Soir.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info
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